O amor era tudo aquilo

O amor é o inverso de tudo aquilo que eu dizia ser quando jovem, mas descobri que era totalmente o contrário do que eu pensava e o inverso do que eu entendia também.

O amor é tudo aquilo que eu não sabia falar ou falei de forma errada.

O amor é tudo aquilo que eu tentei esconder, mas sentia.

O amor é tudo aquilo que eu disse que não era, mas foi até eu ter amado.

O amor era tudo que eu sentia, mas não sabia ou sentia sem saber.

O amor é tudo que eu não sei explicar, mas que agora o AMOR me explica.

O amor era aquelas todas verdades que eu dizia não saber, mas eu não sabia mesmo.

O amor era aquilo que eu dizia ou não dizia, mas dizia sem saber que sabia ou dizia.

O amor era aquilo tudo que eu sabia e não sabia até ter amado e saber.

Amei.

— Thiago Brito

A marca da aliança

Na mão dela a marca da aliança permanecia. Uma aliança que devia ter saído recentemente daquele dedo. A aliança serve, para muitos, para eternizar um relacionamento, para mostrar amor, cumplicidade, fidelidade e respeito, mas quanto mais essa aliança permanece na mão, mas tempo essa marca demora a sumir, não apenas fisicamente. É até irônico, a menor marca que fica no fim do relacionamento é a marca no lugar da aliança, mas que muitas vezes é a mais perceptível num término. Em muitos momentos em nosso relacionamento o que mais queremos é que vejam nossa aliança, a marca do nosso matrimonio, mas ao término tentamos esconder a marca ou a falta dela, enquanto o coração não cicatriza. Uma marca que dói toda vez que olhamos e lembramos. Uma marca que fica e, às vezes some, mas dura o tempo necessário até o esquecimento.

Um emoji que iniciou tudo

No WhatsApp, um número que eu não conhecia, mas hoje sei de cor me mandou um emoji. Um simples emoji. Respondi com outro. Mandou mais um. Retribuí. Mais um. Mandei outro. Logo depois perguntei quem era. Ela disse seu nome. Tremi. Meu coração palpitou num compasso de uma música de Jorge e Mateus. Mal sabia eu que eles cantariam nossa história. Respondi incrédulo. Ela sorriu. Conversamos. Conversamos por horas. Conversamos por noites, dias e tardes. Ela se tornou parte da minha rotina e eu da dela. Ela se tornou parte da minha vida e eu me tornei parte da vida dela. Os áudios se tornaram frequentes. Aquele sotaque goiano eu nunca vou esquecer. Amorrr. Aquele erre arrastado, com aquele sorriso raro, que continha a felicidade e um pedaço do mundo. Mal sabia eu que aqueles sorrisos seriam os últimos. Aquela risada contagiante, que poderia trazer a paz mundial ou conquistar o mundo, ficaram restritas pra mim por uns dias, meses e anos. Aquele sorriso devia tocar no rádio, nos anúncios do YouTube ou Spotify. Não há melodia melhor. O mundo parecia minúsculo para o brilho dela. O Universo pequeno. Ela não era desse mundo e esse mundo não merecia ela.

Ao menos hoje, VIVA!

Acorde e antes de pegar o celular, esqueça-o. Ao menos hoje, viva. Tome um café com calma, na mesa, talvez até na cama, mas sem pegar o celular, tablet ou notebook, mantenha-os desligados ao menos até terminar o café, depois continue e assim vá vivendo o dia. Não ligue a TV, se tiver que ligar algo que seja uma música e somente isso, depois deixe o eletrônico de lado. Ouça uma, duas, três… desfrute as músicas, escute-as e não queira ver seus videoclipes. Não olhe o e-mail, redes sociais. Esqueça a internet por hoje. Saia de casa sem o carro, vá caminhando até a padaria, a praça o parque a academia, sei lá, apenas veja o mundo de outra forma. Dê bom dia, cumprimente os transeuntes. Socialize. Comunique-se sem precisar de celular ou internet. Visite um amigo, ande de bicicleta, leia um livro. Você tem um livro? Não, não peça um pela internet ou no kindle, vá numa livraria ou cafeteria, mas não peça a senha do wi-fi. Atualize seus contatos sem ser de forma tecnológica. Faça um sanduiche, mas não tire foto para postar. Esqueça o maldito celular. Aproveite o dia. Viva mais! A vida está passando enquanto você passa sua vista sobre a tela do celular. A vida acontece enquanto você aperta F5.  Já que você não pode um mês, uma semana, um dia, se desconecte uma hora e viva.

Um bom ouvinte

Após horas de reclamações da sua parte, eu não aguentava mais escutá-lo. E eu que o chamei praquela cerveja pois precisava desabafar, contar sobre meus problemas, sobre como o meu mundo estava desmoronando e como eu estava perdido, estava agora o escutando por horas, bebendo uma cerveja atrás da outra, secando copos enquanto ele bicava o seu copo americano e me falava coisas sobre as quais eu não escutava e quando ouvia, pra mim, eram inúteis. Mal estava eu. Depois de um tempo calado, com o olhar vago, perdido em meus pensamentos e ouvindo sua voz ao fundo, ele me diz:
— Você não está bem, dá pra ver no seu semblante.
“Eu estava melhor. Devia ter sentado no bar sozinho e bebido sozinho. Algumas cervejas são melhores ouvintes e tem conselhos melhores.”, foi o que pensei.
— Se precisar conversar, eu sou um bom ouvinte. Ele me disse.
“Quem não é? Que dificuldade tem em calar a boca e escutar e não dizer nada depois?”, pensei em falar, mas em todo tempo que ele falava e não calava a boca, eu, sem dizer nada, o escutava, mas não o ouvia. Então percebi e disse:
— É bem mais complicado do que se imagina.
— O que?
— Ser um bom ouvinte.